29 de dezembro de 2008

"GIGANTE" ABANDONADO!

Casarão da Faz. Sabe-Muito

Aos que se dirigem ao município de Apodi pela rodovia RN-233, há cerca de 13 km da cidade de Caraúbas, certamente já teve a oportunidade de observar uma bela construção. Na verdade, trata-se da grande casa da propriedade chamada de Sabe-muito.

Encravado entre o vale do rio Carnaubinha/Sabe-muito e a caatinga, vegetação predominante na área, o casarão foi construído em 1868. De acordo com relatos históricos isso aconteceu com a vinda de alguns portugueses para a região, sendo que eram oriundos da Vila de Faral, província do Douro. Segundo Epitácio Fernandes Pimenta, um índio Paiacu, amigo do português Antônio Coutinho, havia encontrado um olho d’água nas imediações da fazenda.

Um dos principais relatos que encontramos é observado na no livro Caraúbas Centenária, do escritor Raimundo Soares de Brito. Como conta Epitácio Fernandes: “Antônio Coutinho perguntou se o índio sabia mesmo onde se achava água, o mesmo respondeu: ‘Eu sabe muito’. Coutinho, como todo bom português, conhecia um pouco de sua língua, achou interessante a maneira do Paiacu falar e daquele dia em diante deu o nome dessas terras de Fazenda Sabe Muito”.

A imponência da enorme casa é observada mesmo a distância, contudo, ao se aproximar percebemos que se trata de uma obra belíssima. É a maior casa do município, apresentando uma arquitetura forte, resistente e ao mesmo tempo, com uma beleza ímpar. Suas paredes foram erguidas com a largura de quatro enormes tijolos, que sustentam uma cumeeira com 50 palmos de altura. Além disso, são cerca de 27 portas e 41 janelas, distribuídas em seus quase 20 cômodos.

Desde os anos 60, o casarão pertence à família do saudoso Jonas Armagildo de Oliveira (meu avô). Desde a sua morte, no ano de 1998, sua esposa Joana Eulália decidiu que não ocuparia mais a grande residência. Hoje, ele se encontra com as portas fechadas e devido à ajuda de alguns familiares, a antiga construção ainda não veio abaixo.


Descaso

Tombado em meados do ano de 2002, na gestão do então governador do estado do Rio Grande do Norte, Fernando Freire, o casarão nunca passou por uma grande reforma. Durante esses seis anos, o que mais se percebeu foi o descaso das nossas autoridades, nas mais diversas esferas do poder, em relação à verdadeira “Casa da Cultura” de nosso município.

Aos poucos, a casa vai sucumbindo. Não há recursos disponíveis para uma restauração, por menor e/ou mais insignificante que ela seja. Com exceção do trabalho de alguns familiares, praticamente nunca se viu esforço para mantê-la erguida. Mesmo assim, a construção resiste ao tempo, bravamente, sabe-se lá até quando.

Bom seria se nossas autoridades enxergassem a importância das coisas. Observassem que ali está erguida parte significativa da história de nosso município. Depois que cair, certamente virão lamentações. Depois que cair, a história vai virá lembrança. Depois que cair ficarão marcados aqueles (muitos), que puderam fazer alguma coisa, mas no final, nada fizeram. Assim, certamente ficarão marcados pela “grandeza” de sua incompetência.


Por MAYKON OLIVEIRA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PAINEL POPULAR


CARAÚBAS HOT NEWS - Orgulho de ser caraubense!

SEJA TAMBÉM UM DOS NOSSOS COLABORADORES