14 de fevereiro de 2012

CRÔNICA: ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL E REELEIÇÃO

Acompanhe o texto de Agenor Gaspareto

Dizer que uma eleição contém uma lógica geral não significa dizer que os resultados da mesma sejam previsíveis à maneira de uma realidade física ou matemática, porque a sociedade e as pessoas não são exatas em seus mecanismos e comportamentos. Contudo, é possível antever, com elevado grau de confiança, o resultado mais plausível, sendo esse revelado pelas pesquisas.

Ocupa lugar central e crucial nessa lógica a administração em curso, que se constitui no grande cenário, no grande condicionante e na lente pela qual o eleitor tende a ver as disputas eleitorais para prefeito. O sucesso ou não das candidaturas, portanto, está fortemente condicionado à mesma, que se constitui, na prática e em última análise, em uma forma com conotações plebiscitárias, ainda que em graus variados. No mínimo, o que é possível dizer é que tende a ser muito forte na escolha de um candidato o posicionamento e avaliação desse (e do próprio eleitor) a favor ou contra a administração em curso, a satisfação ou não das expectativas enquanto cidadão e enquanto eleitor.

A principal regra dessa lógica geral que comanda processos sucessórios para cargos executivos, ainda que não haja consenso quanto à questão, é que um executivo com administração avaliada positivamente, (conceitos bom e ótimo), tende a fazer sucessor, sendo verdadeiro também o oposto. Há exceções, mas explicáveis dentro das circunstâncias que marcam cada disputa, por sinal, sempre singular. A experiência revela, aqui e acolá, bons prefeitos que não conseguem um nome capaz de capitalizar seu prestígio e são derrotados por outro, dotado de carisma pessoal forte. Sublinha-se, no entanto, que parece mais fácil um bom administrador público não fazer sucessor do que um ruim, em condições de respeito às regras elementares que constituem a normalidade democrática, fazê-lo.

Em razão disso, a questão da reeleição tem na administração em curso o contexto que possibilita uma melhor compreensão da realidade. A reeleição parece ser boa da perspectiva do conjunto da sociedade, à medida em que permitiria continuidade administrativa onde o trabalho em curso é "bom". Ainda, reforçando a sua dimensão positiva, o eleitor tende a ser mais rigoroso com o administrador com pretensões de reeleição do que com terceiros, como mostram os resultados de várias pesquisas de opinião, realizadas ao longo do processo eleitoral de 1996.

Em razão disso, a reeleição não parece ser o problema. Ao contrário, é até desejável. O problema está em como minimizar a atuação da máquina administrativa, das pesquisas enquanto marketing e dos meios de comunicação em suas múltiplas formas de propaganda eleitoral, que acabam passando, em grande medida, ao largo da Justiça Eleitoral, provavelmente por incompreensão da natureza de um processo eleitoral. É nestas instâncias que a sociedade deve centrar seus olhares, pois nelas estão o problema e também as chaves de sua solução.

Afora a participação direta do titular da administração em curso em favor da candidatura apoiada, há ainda outras formas de exercer influência, estando dentre as mais comuns o assistencialismo (distribuição de lotes, de cestas básicas e outras formas de benefícios individualizados), bem como inaugurações de obras públicas em períodos político-eleitorais, em que há associação entre obra e político apoiado.



Por MAYKON OLIVEIRA

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