19 de novembro de 2012

JORNALISTA QUESTIONA DECLARAÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

Dias atrás o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, afirmou que prefere morrer do que cumprir pena em algum presídio existente no Brasil. Leia a crônica abaixo e tire as suas próprias conclusões:

Prisões

Graciliano Ramos cumpriu pena na penitenciária da Ilha Grande, no litoral sul do Rio de Janeiro, apenas por ser comunista. Não roubou bancos, não comprou consciências, nem trabalhou em favor da derrubada do regime. Ao contrário foi prefeito municipal e prestou contas, impecáveis, aliás, de sua gestão. Viveu no presídio o tempo suficiente para escrever a magnífica obra, Memórias do Cárcere, que restou inconclusa por causa de sua morte.  Não significa dizer que a vida na prisão é tolerável.

Histórias de penitenciárias se contam às dezenas. O termo deriva de penitência. Alguém é sentenciado a pagar uma pena por ter cometido malfeito, segundo a visão da autoridade ou do juiz. Havia uma prisão em Lisboa, cujos porões, onde ficavam as solitárias, se enchiam com a água da maré. Era a maneira de limpar a cela. O preso ficava com água pela cintura e convivia com os bichos do mar e da terra que passeavam a seu redor. 

A presidente Dilma Rousseff cumpriu pena em presídio feminino. Tem suas mágoas, suas amargas recordações, mas deu a volta por cima e está onde está. Mandela, na África do Sul, também pagou uma dura penitência de 29 anos, em condições extremamente difíceis. Saiu do presídio, organizou as massas e tomou o poder. Teve a preocupação de não agredir a minoria branca que governara desde os tempos antigos. Sua magnífica obra política inseriu o país nos principais fóruns internacionais.

Não é bom ficar preso. E as prisões brasileiras são, de fato, péssimas. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, prefere morrer a cumprir pena. É uma opinião, mas seu ministério é o responsável pela construção de presídios e pela manutenção dos existentes. Aparentemente não tem feito nem uma coisa, nem outra. Agora quando se fecha o cerco jurídico em torno dos principais acusados, no mundo político, na Ação Penal 470, autoridades se lembram de que as penitenciárias constituem depósitos de pessoas. É verdade. Mas não é nada novo, nem original. Novidade é punir gente de colarinho branco.


Extraída da crônica "Prisões", escrita pelo jornalista André Gustavo.


Por MAYKON OLIVEIRA 

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