23 de agosto de 2012

JORNALISTA FAZ ANÁLISE DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Gestores de Crise

No momento em que a comunidade nacional começa a ouvir a expressão e a receber os abraços de 478.846 candidatos (31.088 a prefeito e vice e 447.758 a vereador), a pergunta se faz oportuna: o pleito municipal poderá ser o canal para jorrar água limpa na fisionomia de nossa política? Como se sabe, seus dutos irrigam a base do edifício de nossa democracia representativa. A resposta à pergunta comporta a análise de algumas variáveis, a começar da condição que cerca a grande maioria dos 5.565 municípios, que recebem pouco mais que 15% do bolo tributário. A sofrível situação econômica das localidades mostra que de seu mato não sairá coelho. Ou seja, governantes de pires na mão, por mais hábeis que sejam na arte da prestidigitação, não conseguirão puxar o eixo da renovação, principalmente quando se sabe que esse "empreendimento milagroso" carece do esforço de todos os que se locomovem na roda da política.

A engrenagem política, que agora só funciona com parafusos econômicos bem azeitados, modela a feição dos atores. Os palcos da governança recebem personagens não tão afeitos às artes e técnicas do discurso, como os protagonistas de ontem. A tipologia passa a juntar perfis de roupagem técnica, indivíduos com noções básicas de administração, finanças, gestão pública. Os populistas não saíram por completo da paisagem, vale lembrar, até porque as tintas da velha política demoram a desbotar. Mas o painel da administração pública, a partir do Executivo municipal, já sinaliza alteração no modus operandi. A propósito, o símbolo mais expressivo da nova fisionomia de governança entre nós é a presidente Dilma. Perfil técnico, aprecia instrumentos de planejamento e controle e é experimentada na arte de cobrar. Prefere o discurso econômico ao político. Sente-se confortável como supergerente de obras, como se afere pelos pacotes que anuncia, o último deles, de R$ 133 bilhões, para alavancar a economia e reequipar a infraestrutura de transportes.

Trecho do texto de Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, é consultor político de comunicação.


Por MAYKON OLIVEIRA

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