5 de fevereiro de 2012

O COMENTÁRIO DA SEMANA

Essas medidas trazem na verdade sempre duas faces que apesar de tratar um mesmo tema, são bem diferentes. Na primeira e talvez a mais interessante ao GOVERNO, é a de retirar imediatamente mais de 3.000 dependentes químicos das ruas, isso em ano de campanha significa mais segurança, mais lazer e uma cidade mais “LIMPA” (limpa?) ... e aí, surgem até aqueles outdoors com as frases “ESSE É O JEITO CERTO” “TÁ FAZENDO MAIS” e o mais famoso: “UM PAÍS DE TODOS”. A outra nos remete a pensar um pouco mais como coletividade e não apenas individualmente, e esse talvez seja o grande desafio. Eu não estou aqui criticando a criação de 3.000 leitos para internação de dependentes, na verdade, eu quero só questionar se internar é realmente uma solução ou uma maneira de tirar da rua, de esconder o problema?... Penso nisso porque são tantos direitos negados na formação de um dependente (aqui eu cito moradia, trabalho, educação, lazer, saúde e segurança), sem falar no âmbito psicológico (família, amigos e meio social) que influenciados ou não pelos direitos, constituem a formação de um dependente químico, e aí eu fico me perguntando o que seria mais eficaz, retirar o dependente do meio, ou tentar modificar o meio e assim modificar o dependente? Penso também que é muito fácil prá quem tá de fora aplaudir a decisão de internar 3.000 pessoas, difícil mesmo é ser um pai ou uma mãe e pedir para que um prefeito ou um vereador consiga uma vaga dessas para seu filho. Pior ainda é ser o filho, que na grande maioria das vezes já se sente uma “droga” e agora vai ser retirado do meio que nasceu e se criou, e colocado contra sua vontade em um local que nunca nem viu em seus piores sonhos como se fosse um simples objeto não desejado. Outro ponto a ser observado nessa matéria é o número de leitos, são 3.000, e aí, eu não vou chegar nem na capital e nem vou muito longe, vou aqui em Mossoró, pois essa cidade sozinha já comportaria todos os leitos disponíveis para o país inteiro. E aí, o que fazer com os talvez 100 ou 200 (não tenho um dado certo) de dependentes de Caraúbas e de outras cidades? Acredito que o principal problema do Brasil é esse jeito positivista de ser. É tudo muito agora, é fazer ISSO para solucionar ISSO, esquecendo que o ISSO, é uma soma de PARTES para formar um TODO e o TODO é a soma das PARTES mais o TODO. Se não pararmos para pensar nisso, esquecemos que a manutenção de apenas um leito, custa bem mais do que uma simples reforma na escola da MARIANA. Essa escola, articulada com as ferramentas sociais podem transformar centenas de vidas por ano. O leito, para mim, não muda nada, na verdade o dependente só saiu da rua.

(Comentário postado por Alyson Alves, acadêmico do Curso de Enfermagem pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), discorrendo sobre a instalação de mais de 3.000 leitos para dependentes químicos).


Por MAYKON OLIVEIRA

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