O jornalista e escritor Ruy Fabiano, publicou uma crônica onde faz uma análise de atual quadro político do país. Na oportunidade, ele destaca as articulações que já estão acontecendo, tendo em vista a proximidade do pleito de 2014.
Clique no link abaixo e confira o texto na íntegra.
Por MAYKON OLIVEIRA
O Bicho Está solto
Ruy Fabiano
No final do ano passado, o ministro-chefe da Secretaria Geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, avisou que, em 2013, “o
bicho vai pegar”. É uma expressão popular autoexplicativa, que prenuncia
barulho, agitação, violência.
Dita por um ministro, que, além de dos mais próximos colaboradores de
Lula, exerce cargo de proa no governo e notória influência no PT, é de
arrepiar, sobretudo num ano que se encerrou com o partido submetido à
exposição pública do Mensalão.
O PT jamais imaginou ver algumas de suas cabeças coroadas no banco
dos réus e menos ainda condenadas. Pior: sobraram balas perdidas para
Lula. O Ministério Público aceitou as acusações de Marcos Valério,
envolvendo o ex-presidente no Mensalão e remeteu-as à primeira
instância, já que Lula não tem mais foro privilegiado. É pouco? Tem
mais.
A Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, descobriu que uma
quadrilha exercia, com a maior desenvoltura, tráfico de influência na
administração pública, tendo como base de ação o escritório da
Presidência da República em São Paulo.
No comando, a senhora Rosemary Noronha, apontada como amante de Lula,
que criou aquele escritório e a nomeou para chefiá-lo, mesmo sem as
credenciais técnicas para o cargo.
Tudo isso – a prisão dos condenados do Mensalão, os processos contra
Lula na primeira instância e contra os envolvidos na Operação Porto
Seguro – terá desdobramentos ao longo deste ano, véspera da campanha
sucessória à Presidência.
Dentro da teoria de que a melhor defesa é o ataque, o PT decidiu
partir para a ofensiva. Ainda não se cumpriu o primeiro trimestre e já
algumas ações lideradas pelo partido indicam que o bicho está mesmo
solto.
A recepção à blogueira cubana Yoani Sánchez foi apenas um aperitivo.
Há dias, na inauguração do Museu de Arte do Rio de Janeiro, diversos
piquetes de manifestantes do PT e do PCdoB protestavam em torno de temas
diversos, desde o fechamento de teatros até a privatização dos portos.
O jornalista Merval Pereira, reconhecido pelos manifestantes, teve
seu carro cercado e chutado pelos grupos e safou-se graças à ação da
polícia. Pode ter sido um ato isolado de intimidação, não fosse o fato
de, na mesma semana, o PT ter voltado a anunciar nova investida pelo
“marco regulatório da mídia”, eufemismo de censura à imprensa.
Quem duvidar que leia os termos da proposta. Não deixam a mais remota dúvida.
Anteontem, a pretexto do Dia Internacional da Mulher, um grupo de
mulheres do MST invadiu uma fazenda dos filhos da senadora Kátia Abreu,
no Tocantins, destruindo plantações. Uma ação predadora e criminosa que
há algum tempo não se via.
A escolha de uma propriedade da família da senadora tem forte carga
simbólica: ela é a líder nacional dos produtores rurais, contra a qual
se volta a ira dos radicais esquerdistas, que querem estatizar o
agronegócio, mesmo sendo este o garantidor, há anos, dos superávits da
balança comercial brasileira.
Em meio a tudo isso, Lula antecipa a campanha eleitoral lançando
Dilma como sua candidata. Como a lógica política indica que quem sai na
frente apanha primeiro, não falta quem deduza que o verdadeiro candidato
de Lula é Lula mesmo.
Ele, afinal, disse mais de uma vez que, se as condições da economia
não viabilizassem Dilma, ele iria “para o sacrifício”. Os indicadores
econômicos, com um PIB minguante, indicam grandes chances para o
sacrifício de Lula.
Os sinais, pois, são preocupantes e fazem prever um ano de intensa agitação política.
Ruy Fabiano é jornalista e escritor
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