Por Flávio Rezende*
Pode parecer estranho, mas, é
sabido, que o nosso planeta já viveu momentos em que não existiam os livros, a
escrita, os computadores e, aonde todo o conhecimento que ia sendo assimilado
através de observações, constatações e ligações neuronais, era transmitidos aos
demais seres, pela oralidade.
Com o tempo, a expansão desse
conhecimento foi chegando a todos os campos do saber e, incorporando ao
cotidiano da humanidade, tecnologias que permitiram a guarda, a disseminação
mais célere e o compartilhamento a nível mundial de todos os tipos de
conhecimento produzidos por todos nós.
Apesar deste constante
crescimento, uma única coisa permanece imutável diante de todo este processo: o
prazer de compartilhar o conhecimento adquirido, de um ser, para outros, seja
através da publicação de livros, pregações, palestras, conferências, discursos
ou, simplesmente, no convívio familiar e até na mesa dos bares e casas de diversão.
Quando me refiro a prazer, não
estou incluindo – até para não contaminar o que é puro e belo, o prazer advindo
do ego de saber mais que os demais. O prazer de possuir algo superior, o prazer
de se sentir mais diante dos menos. O prazer do presente escrito é o prazer em
si de compartilhar, de dividir, de repassar, como um passe que redunda em gol,
como a informação que resulta em obtenção de sabedoria, como matéria prima que
culmina em invenções ou, simplesmente, a sabedoria gostosa, bem encaminhada
pelo dom da oralidade, por falas e gestos, do casamento perfeito entre o que a
mente projeta e o corpo executa.
Talvez seja por isso que, apesar
de mal remunerados em várias partes do planeta, os professores não conseguem
largar a cátedra, pois trabalham experimentando o gozo divino de compartilhar
conhecimento, com a experiência até mística, diria, de eternizar o conjunto de
pérolas e de diamantes que conseguimos burilar e dar forma ao longo de nossa
existência por este plano material.
Quando estou conversando com
pessoas, ou falando em um palco, dando entrevista, produzindo meus escritos,
livros, ocupando algum espaço onde o que esteja proferindo possa chegar a
alguém, estou na verdade curtindo um êxtase pessoal, sentindo um prazer, pois
herdeiro que sou de todo um patrimônio no campo da sabedoria humana, a minha
disposição através de livros, textos, arquivos, conversas pessoais e diversas
outras formas, busco nas partes que aprendi nas entrelinhas que apreendi
repassar através dos dons que recebi o que julgo ser bom, correto, ético e
proveitoso.
Não concebo o prazer de compartilhar
conhecimento, se não for para que possa acrescentar a vida de alguém, alguma
coisa que a torne melhor, pois é isto que busco em todas as minhas leituras, em
todas as coisas em que o conhecimento esteja presente, afinal, se somos
produtos de algumas coisas, que sejamos das coisas que nos tornam mais felizes
e humanos.
*É escritor, jornalista e ativista
social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com).
Por MAYKON OLIVEIRA
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