Pescando os evangélicos
Ano passado, após a demissão de seis ministros por denúncias de corrupção (o sétimo sairia em 2011), assessores palacianos passaram a difundir a tese de que a presidente Dilma preparava uma reforma ministerial e administrativa. Fundiria pastas, extinguiria outras, e, sobretudo, não mais faria dos cargos de primeiro escalão moeda de troca partidária.
Eis que, com a nomeação do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca, esse critério da excelência técnica foi magistralmente confirmado. O novo ministro, que é engenheiro, fez sua primeira declaração pública: “Eu não ponho uma minhoca no anzol”.
Troque-se o “às vezes” por “sempre” e é possível ter uma ideia da realidade com que a presidente se defronta. Crivella foi nomeado para tentar atenuar o mal-estar causado junto às igrejas evangélicas por recente (e igualmente desastrosa) declaração do secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho.
Tal reviravolta teve um bom motivo. Os evangélicos, segundo o IBGE, são o segmento religioso que, desde os anos 70, mais cresce no país, em taxas superiores ao crescimento demográfico. De 1970 até 1980, cresceu 5,06% ao ano, enquanto a população cresceu 2,48%; de 1980 a 1991, 5,18% ao ano, enquanto a população crescia apenas 1,93%. De 1991 a 2000, a diferença entre crescimento demográfico e o dos evangélicos aumentou: os dos evangélicos superaram em quatro vezes o crescimento da população - 7,43% a 1,63%.
#Ruy Fabiano é jornalista e escritor
Por MAYKON OLIVEIRA
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