Dias atrás o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, afirmou que prefere morrer do que cumprir pena em algum presídio existente no Brasil. Leia a crônica abaixo e tire as suas próprias conclusões:
Prisões
Graciliano Ramos cumpriu pena na penitenciária da Ilha Grande, no
litoral sul do Rio de Janeiro, apenas por ser comunista. Não roubou
bancos, não comprou consciências, nem trabalhou em favor da derrubada do
regime. Ao contrário foi prefeito municipal e prestou contas,
impecáveis, aliás, de sua gestão. Viveu no presídio o tempo suficiente
para escrever a magnífica obra, Memórias do Cárcere, que restou
inconclusa por causa de sua morte. Não significa dizer que a vida na
prisão é tolerável.
Histórias de penitenciárias se contam às dezenas. O termo deriva de penitência. Alguém é sentenciado a pagar uma pena por ter cometido malfeito, segundo a visão da autoridade ou do juiz. Havia uma prisão em Lisboa, cujos porões, onde ficavam as solitárias, se enchiam com a água da maré. Era a maneira de limpar a cela. O preso ficava com água pela cintura e convivia com os bichos do mar e da terra que passeavam a seu redor.
Histórias de penitenciárias se contam às dezenas. O termo deriva de penitência. Alguém é sentenciado a pagar uma pena por ter cometido malfeito, segundo a visão da autoridade ou do juiz. Havia uma prisão em Lisboa, cujos porões, onde ficavam as solitárias, se enchiam com a água da maré. Era a maneira de limpar a cela. O preso ficava com água pela cintura e convivia com os bichos do mar e da terra que passeavam a seu redor.
A presidente Dilma Rousseff cumpriu pena em presídio feminino. Tem
suas mágoas, suas amargas recordações, mas deu a volta por cima e está
onde está. Mandela, na África do Sul, também pagou uma dura penitência
de 29 anos, em condições extremamente difíceis. Saiu do presídio,
organizou as massas e tomou o poder. Teve a preocupação de não agredir a
minoria branca que governara desde os tempos antigos. Sua magnífica
obra política inseriu o país nos principais fóruns internacionais.
Não é bom ficar preso. E as prisões brasileiras são, de fato,
péssimas. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, prefere morrer a
cumprir pena. É uma opinião, mas seu ministério é o responsável pela
construção de presídios e pela manutenção dos existentes. Aparentemente
não tem feito nem uma coisa, nem outra. Agora quando se fecha o cerco
jurídico em torno dos principais acusados, no mundo político, na Ação
Penal 470, autoridades se lembram de que as penitenciárias constituem
depósitos de pessoas. É verdade. Mas não é nada novo, nem original.
Novidade é punir gente de colarinho branco.
Extraída da crônica "Prisões", escrita pelo jornalista André Gustavo.
Por MAYKON OLIVEIRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário